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O trabalho de História nota 10 que mudou a minha vida

A instrução da rígida professora Clotilde era simples: ilustrar em uma folha de sulfite cada era da História da humanidade. Picotei todas as revistas que tinha em casa e até algumas obsoletas enciclopédias foram vítimas deste trabalho escolar. Completei cada parte em branco das folhas e o resultado foi entregue. Sendo uma das professoras mais exigentes da Escola Estadual Prof. Ennio Voss, escola pública em que estudei, nunca era garantida uma nota azul. Mas, inesperadamente, tirei 10 com louvor no trabalho. que foi até usado como exemplo aos que contestavam as notas baixas: "Isso daqui era o esperado!", ela justificava.

Eu havia chamado a atenção da professora Clotilde de História, aquela que o mais bagunceiro da sala nem ousava desafiar com um 'pio', mesmo sendo tímido demais para responder as perguntas dela na sala de aula. Até que um dia ela me entregou um resumo de História ao final da aula: "Sou professora particular de um aluno de uma escola privada. Esse resumo da escola dele é uma ótima forma de estudar. Você deveria ler". Não me lembro do acontecimento histórico do resumo, mas lembro-me de uma coisa: o logo da escola. Era do Colégio Bandeirantes.

Um tempo depois, soube que Clotilde havia me enviado para uma reunião na diretoria. Nem eu escapei do envio de Clotilde à direção - pensei quando recebi o chamado no meio da aula, enquanto os colegas cochichavam em especulação. Lá, descobri que havia sido indicado para participar do processo seletivo de bolsa de estudos pelo Instituto Ismart. Alguns dias depois, recebi uma ligação para escolher a escola para a qual eu me candidataria. A lista de opções era pequena, mas não conhecia nenhuma delas, até que a moça ao telefone disse "...e também o Colégio Bandeirantes". Eu prontamente respondi "É esse! É perto do metrô, né?

Depois do processo seletivo, eu fui aceito. Estudaria por dois anos na escola pública e na particular simultaneamente para enfim conseguir a desejada bolsa de estudos no mesmo colégio daquele texto que a professora Clotilde me apresentou, sem a menor ideia de que um dia eu poderia estudar lá. Não foi completamente sorte, também não foi só obra das coincidências do universo, mas também foi graças à professora Clotilde e a tantas outras professoras que passaram pelo meu caminho. Por conta delas eu pude ter as oportunidades que tenho hoje por meio da educação. Meus agradecimentos a todas e todos profissionais da educação pública e também privada, pois eu também acredito na educação como forma de transformação social.

Feliz Dia dos Professores!

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